Resolvi criar esse blog com 3 objetivos. O primeiro é estudar a língua japonesa, o segundo é entender mais os conceitos do kendô e o terceiro é o de dividir esses conceitos com os kenshis que não tem acesso à publicações em língua portuguesa, já que esse material é quase que inexistente no Brasil.


De início, saliento que, por se tratar de uma interpretação, posso ter a minha visão dos conceitos. Caso tenham acesso à publicação original e discordem de algum termo ou idéia interpretada, peço que entrem em contato para repararmos os eventuais equívocos. Nesse sentido, ao final de cada texto informo de onde os trechos foram extraídos.


Em relação às dúvidas referentes aos conceitos técnicos, sugiro que busquem a opinião de seus senseis. Acredito que seja uma forma de aproximação e também um instrumento de reflexão para ambos os lados. Ou seja, o quê está escrito aqui não é uma verdade absoluta e sim um meio de aprimoramento geral do nosso kendô.


http://twitter.com/kendopt


Boa leitura e bons treinos!

11/09/2010

O kendô e o “KI・気” - Continuação da Introdução

Sugeriram que ficasse claro, o quê é meu comentário e o quê é a interpretação. Além da linha, coloco também a fonte em itálico para os meus comentários.
 

Outra sugestão, foi a de inserir textos sobre os kenshis jovens e mais conhecidos pela maioria, como Teramoto, Shodai, Takanabe, Miyazaki. Além do Miyazaki, que parece ter escrito um livro, desconheço outros materiais. Caso o tenham, por favor, informem- me.
 

Mais uma vez, saliento que a idéia é interpretar os conceitos. Assim, não pretendo interpretar matérias sobre campeonatos regionais por serem pontuais e temporais e não pertencerem à nossa realidade. Exceto, a matéria do Mundial que ocorreu no Brasil por ter comentários relacionados aos nossos kenshis. Mas, infelizmente ainda não a tenho em mãos.
 

Claro que não prometo pronta entrega, pois para cada post demoro de 5 a 50 horas no trabalho de interpretação. Além do meu parco conhecimento em KANJI, em expressões em japonês e minha pouca experiência “kendoniana”, ainda existe uma grande dificuldade de redigir algo em um português “entendível”. Fora as consultas feitas com senseis do Brasil e do Japão e minhas disponibilidades de horário. Mas, podem ficar calmos. Minha intenção é compartilhar as informações com os amantes de kendô, que como eu, gostariam de conhecer mais e mais esse mundo tão extraordinário. 

Nessa continuação do texto, o autor comenta sobre o Chi Kung. Como desconheço o assunto, copio abaixo a explicação que encontrei na Wikipedia:
“...é uma prática de origem chinesa que se refere ao trabalho ou exercício de cultivo da energia. Estes exercícios tem a finalidade de estimular e promover uma melhor circulação de energia, conhecida como Chi (energia vital) no corpo”.
 

Em japonês o Chi Kung, é conhecido como KIKOU・気功. Ou seja, esse “CHI” descrito acima, é equivalente ao “気” em japonês.
 

Ao longo, o autor também cita a expressão “MÊ KARA UROKO GA OTITA (caiu a escama dos olhos)”, comumente utilizada pelos japoneses. Ela é empregada quando uma pessoa consegue finalmente enxergar algo que sempre existiu, mas que para a pessoa é como se fosse uma revelação. Assim como se cai uma escama que encobria os olhos e uma nova visão do mundo, até então desconhecida por ser vista somente através da escama opaca, é apresentada.
 

Lá vai a continuação da introdução do texto de Yoshimura Sensei:
________________________________________________________________

Há três anos atrás, a convite de uma certa pessoa, comecei a treinar o Chi Kung. Soube então que distanciando o “気” do kendô e dependendo da forma como o vê ele existe como “matéria” (Ao invés de “matéria”, o mais correto seria chamar de “substância”. Mas, sobre esse assunto, acredito que passarão a entender ao longo desta teoria). Graças a isso, não é exagerado dizer que “caiu a escama dos meus olhos”. Tenho a impressão que após esclarecer a verdadeira forma do “気” e aplicá- lo no kendô, encontrei respostas convincentes para algumas dúvidas e mistérios que carregava em torno do assunto.

Por trás do tão dito “fundo das profundezas do kendô” existe o “気”. Assim como, o “気” é fator determinante para diferenciar entre o jovial kendô como esporte de combate e o “altamente nobre” kendô . Refleti que o fascinante segredo do kendô é o “気” e que este leva a pessoas mesmo com idade avançada a continuarem a praticar o KEIKÔ (treino de combate), ou ainda ao sentimento de quererem continuar a praticá- lo. Com todos esses aspectos, concluí que para uma melhor compreensão e desenvolvimento - que vá além de somente enquadrar o kendô como um esporte de combate - é necessário levar claramente ao conhecimento de toda a comunidade do kendô a verdadeira forma do “気”.

Por esses motivos, apesar dos meus modestos conhecimentos e considerando as circunstâncias de que possuo uma certa experiência, organizei essa tese conforme segue.

Dependendo do conteúdo, há partes isoladas que não são conclusivas, com relação à isso, gostaria da opinião dos especialistas e também ficaria muito contente se isso incitasse ao início de uma real pesquisa científica sobreo “気”  para o mundo do kendô.

Ainda, peço desculpas, pois ao longo do texto há muitas expressões utilizadas que atualmente ainda não foram comprovadas, mas são utilizadas aqui a título de conveniência.

KENDÔ TO KI. Revista Guekkan Kendo Nippon, Japão, ed. no. 289, p. 24-25, mar. 2000.

08/09/2010

O kendô e o “KI・気”

Recebi comentários para separar os tópicos. Calma, minha gente! Sou iniciante em blog... Estou procurando uma forma de fazer isso. Se alguém puder me ajudar, agradeço. Rs... Mas enquanto uma alma caridosa não vem me salvar, sigo na batalha das tentativas.


Hoje continuo com o “KI・気”, apesar de ser tentadora a vontade de respirar um pouco e interpretar as regras de shiai. É mais simples, os KANJIS (ideogramas) são mais fáceis e os conceitos são mais familiares para mim. Mas enquanto houver uma pontinha de curiosidade de descobrir um pouco mais sobre esse assunto complexíssimo, prometo que aproveitarei o embalo.


A primeira parte da matéria foi escrita pelo sensei Kenichi Yoshimura que vive na França. Aliás, também tenho intenção de informar em futuros posts a biografia de cada sensei entrevistado ou colaborador dos textos que interpreto, incluindo Taniguchi Sensei e Takano Sensei . Mas agora, vamos ao conteúdo:
_______________________________________________________________

No kendô, e provavelmente também em outras artes marciais, o “気” é uma palavra muito empregada e frequentemente ouvimos dos instrutores coisas como: “Ponha o 気!”; “Acumule o 気 no TANDEM (parte inferior do abdome,  localizado entre o umbigo e a virilha)!”; “Aprimore o 気!”.

Assim, para aqueles que têm a oportunidade de assistirem um embate entre graduados a análise da forma como um SEMÊ (ataque) com o “気” é feito, equivale a ver se o YUUKOU DATOTSU (golpe válido) vira IPPON (ponto), ou discernir a aplicação de determinado WAZÁ (técnica de golpe); ou torna- se até algo de maior interesse.

Provavelmente sendo o “気” para nós, amantes de kendô, importante e profundo a esse ponto, se alguém vêm e nos indaga: “O que é 気?”, como o explicaremos aos inúmeros questionadores de um modo convincente e claro?

Será que a maioria não encerraria o assunto com uma vaga e mediana explicação usando como referência algo do tipo “a forma como se deixa o sentimento tensionado”, ou “o poder de concentração”? É algo que - para os que passam a treinar arduamente e adquirem pela experiência a habilidade corporal de como colocar ou utilizar o “気”dando vida a ele durante os KEIKOs (treinamento de combate), conhecendo corporalmente essa sensação - quando tentam expressá- lo em palavras dificilmente conseguem ter êxito.

Atualmente, é provável  que para os usuais amantes de kendô a forma de se adquirir o “気” - como foi até mesmo por longo tempo para este próprio autor (Yoshimura Sensei) - seja uma “ideologia”. Para nós que passamos a entender o “気”, o relacionamos a elementos como: sentimento, concentração do espírito, diposição... e por aí vai. Todos sem nenhum formato, sem vizualização, algo subjetivo que resta somente sentí- lo dentro da própria mente;  não se insere nenhum elemento “material”. E nisso, se o autor diz que o “気” além de ser mais que uma ideologia é uma “matéria”, que não se vê com os olhos, mas que seja possível de sentí- la pelo tato (ou uma sensação próxima a isso), como reagiria o leitor? “Mas que idiotice...”  Não seria equivocado dizer que a maioria não acreditará nisso mentalmente.  Pode até ter alguns senseis que repreenderiam o autor dizendo “Não sabia nem isso?”. 

Seja como for, no atual mundo do kendô não é errado afirmar que grande parte das pessoas compreendem o “気” somente como “algo ideológico”.  Mesmo no caso de senseis que tenham familiaridade com o “気” e seus ensinamentos e leituras sejam fundamentados nos princípios de que “o 気 é uma matéria”, a forma como o expressam infelizmente não é apropriada, ou o suficiente clara para eliminar a idéia prejudicial da qual tem o  interlocutor de quê “o 気 é algo além de uma ideologia”. Não há como não dizer que - considerando o “気” uma “matéria” e isso seja um senso comum, e comparando como é dada a importânica à matéria nas esferas do BUJUTSÚ (arte marcial militar), ou do BUDÔ (arte marcial), da medicina, ou da ciência, onde provavelmente deveríamos ter o mesmo tipo de aprofundamento com o  “気” - em relação a esse assunto temos no mundo do kendô um nível extremamente baixo de conhecimento.

Independente de suarmos no KEIKO e sempre notar a sensação corporal do ”, o fato é que não temos a mínima idéia do quê é isso na verdade.

 KENDÔ TO KI. Revista Guekkan Kendo Nippon, Japão, ed. no. 289, p. 24, mar. 2000.

06/09/2010

Kendô que se vence pelo “KI・気”

Começa agora uma série de posts sobre o “KI・気”. Normalmente, depois do termo em japonês, coloco o significado em português. Não farei isso porque a publicação explica minuciosamente o termo no mundo do kendô, incluindo entrevistas com senseis de alta graduação e explicações científicas. Só para se ter uma idéia, são 30 páginas de um especial sobre “KI・気”  publicadas na revista Kendô Nippon. Para efeito de comparação, a parte do texto sobre SEMÊ do Taniguchi Sensei tinha somente 3 páginas!


O termo é tão complexo que em um dicionário japonês de KANJI (ideogramas), ao procurar na letra き(lê- se ki em HIRAGANÁ, um tipo de escrita japonesa mais simples) encontrei, por cima, 72 palavras que começam com o KANJI “気”. Fora as palavras que terminam com esse KANJI... Claro que nem me aventurei a procurá- las.


Mesmo em um dicionário de KANJI para o inglês, encontrei 4 significados diferentes para o “気”, de acordo com o seu emprego. Aí vão eles:


1.    Espírito/ Mente/ Consciência/ Estado emocional
気にする KI NI SURU (levar a sério/ fazer parte da causa)
気に入る KI NI IRU (gostar/ ter prazer com algo)
気が付く KI GA TSUKU (preocupar- se/ atentar- se)
気が重い KI GA OMOI (sentimento negativo pesado/ desanimar- se)
気がする KI GA SURU (ter a sensação/ pressentimento)


2.    Temperamento/ Característica Psicológica
気が強い KI GA TSUYOI (ter personalidade forte)
気が短い KI GA MIJIKAI (ser irritado)
気を悪くする KI O WARUKU SURU (ficar ofendido/ sentir- se magoado)


3.    Intenção
気が変わる KI GA KAWARU (mudar de pensamento)
何の気無しに NAN NO KI NASHI NI (sem ter a intenção de/ casualmente)


4.    Cuidado/ Atenção/ Precaução
気を付ける KI O TSUKERU (tomar cuidado com algo/ ter precaução com algo)


A título de curiosidade, no mesmo dicionário, há uma listagem das palavras que são constituídas pelo KANJI. São 12 grupos:


1.    Gás/ Vapor/ Ar
2.    Atmosfera
3.    Respiração
4.    Energia Vital
5.    Energia/ Força/ Potência energética
6.    Fenômenos naturais
7.    Espírito/ Mente/ Consciência
8.    Temperamento/ Característica Psicológica
9.    Intenção
10.    Cuidado/ Atenção/ Precaução
11.    Sinal/ Indicação/ Sintoma
12.    Sabor/ Sensação


Saliento que, segundo esse mesmo dicionário, o “気” sozinho significa espírito, mente ou consciência. Os significados acima fazem parte dos grupos de palavras em que o KANJI “気”  é composto com outro KANJI e dá origem a várias palavras de cada grupo.


Como os posts são sobre o “気” para o kendô, paro por aqui. A idéia era somente ilustrar o quanto esse termo em japonês é complexo e, acho que posso afirmar, vital como o ar.


Para esse primeiro post, interpretarei a introdução do especial, intitulado“気 DE KATSU KENDÔ (Kendô que se vence pelo KI)”


_______________________________________________________________

No kendô, há várias situações em que os termos como “KIAI・気合 (grito/ espírito de luta)”, “KIRYOKU・気力 (energia/ força espiritual)” e “KIHAKU・気迫 (intensidade/ determinação)” são muito ouvidos. No cotidiano japonês as expressões com ”KI ・気”, como “KI GA TSUKU ・気がつく (perceber/ tornar- se consciente)”, “KI NI NARU・気になる (preocupar- se/ incomodar- se)”, “GUENKI GA NAI ・元気がない (estar desanimado/ não ter energia)” também são frequentemente utilizadas.

Na concepção oriental o termo “気” é tão importante a ponto de ter sua origem relacionada às  relações pessoais. E o mundo kendô tem uma grande relação com esse “気”. Ele está no momento em que há a batalha do SEMÊ (ataque) entre os adversários; ele age quando ambos estão golpeando; ele é uma força invisível que vai além da técnica e da força física. Apesar de não ter forma, é algo que definitivamente existe. 

Mesmo dentro da história do KEN (espada), não é pequeno o número de pessoas que colocaram peso nesse  “気” e o praticaram conscientemente. Mesmo hoje em dia, quanto mais graduado se fica, mais se sente a importância do “気” e a meta passa a ser ganhar do adversário pelo “気”. Notar o “気”, elevar o  “気” para no final manejar um KEN de alto nível...

HONSHI HENSHÚBU. KI DE KATSU KENDÔ. Revista Guekkan Kendo Nippon, Japão, ed. no. 289, p. 22-23, mar. 2000.

19/08/2010

O segredo do SEMÊ, segundo SASABURO TAKANO

Abaixo, a interpretação de um trecho extraído de uma entrevista com YASUNORI TANIGUCHI SENSEI (Hanshi, 9º Dan) publicada na Revista Kendo Nippon.
___________________________________________________________
Na época em que estudava no Tokyo Koutou Shihan Gakkou (atualmente Universidade de Tsukuba), Taniguchi Sensei teve a oportunidade de ser TSUKIBITO (uma espécie de assistente do sensei, designado para carregar o bogu, cuidar dos equipamentos, dobrar o keikogui, etc.) de SASABURO TAKANO SENSEI. Conhecido como “KENSEI (ken= espada/ sei= santo)” Takano Sensei nessa época ultrapassava os 80 anos. Taniguchi Hanshi o considerava como um ser que estava acima das nuvens e nessa entrevista ele fala sobre SEMÊ conforme teve a chance de aprender na fase final da vida de Takano Sensei.
Diferença entre “IR PARA FRENTE” e “FAZER SEMÊ (atacar)”

Durante dois anos que frequentei o Tokyo Koutou Shihan Gakkou fui TSUKIBITO do Takano Sensei que na época o frequentava duas vezes por semana. Ele tinha o dedo deformado pela grande quantidade de treinos que acumulou ao longo do tempo e por isso o acompanhava, chegando até a comprar sua passagem de trem.

Do colégio até a estação eram 20 minutos de caminhada e no meio do trajeto havia um parque onde o Sensei costumava descansar. Quando ficava atrás dele, o aguardando em pé - porque para mim ele era uma pessoa tão elevada a ponto de estar acima das nuvens, inatingível - ele conversava um pouco comigo.

Nesse leva e trás de dois anos foi possível ouvir uma quantidade considerável de conceitos sobre o kendô, e a seguir, falarei sobre as teorias de SEMÊ que ouvi do Sensei durante esse tempo. Apesar de ser o último discípulo do Takano Sensei, acho que tenho que retransmitir os ensinamentos que recebi. Caso contrário, suas boas teorias desaparecerão.

Antes de falar do SEMÊ, vou falar sobre o MAAI (distância). Denomina- se TADASHII MAAI (distância ideal) o ponto onde um KENSAKÍ (ponta do shinai), encontra outro KENSAKÍ. Diz- se TIKAMA (curta distância) ao avançar, e TOOMA (longa distância) ao afastar- se do ponto onde os KENSAKÍ se encontram. Assim, há no MAAI o TADASHII MAAI, o TIKAMA e o TÔMA. O kendô é a batalha do TADASHII MAAI.

É fácil muitas vezes se confundirem, mas sair sorrateiramente do TADASHII MAAI com um passo, apenas para avançar, é somente “ir para frente” e não é SEMÊ. Há muitos que acham que entrar nesse MAAI já é SEMÊ.

Existe uma linha divisória ao discutir sobre kendô. Essa linha separa entre quem consegue obter uma alta graduação dos quê não conseguem. Nessa divisão, os mais graduados compreendem o que é SEMÊ, mas para os menos graduados é algo mais difícil. Por isso, quando o técnico fala para o aluno “Faça semê!” e o aluno simplesmente só entra no TIKAMA, ele não está compreendendo muito bem o quê é SEMÊ.

O conceito básico do kendô é “Fazer SEMÊ com o KI (espírito) e golpear com o RI (razão)”. Ou ainda, seria o verdadeiro conceito “Vencer pelo KI e golpear com o RI”. O objetivo de fazer SEMÊ é criar a oportunidade de dar o DATOTSU (golpe válido). SEMÊ não é simplesmente avançar de forma mecânica. O fundamento que rege o SEMÊ é a criação de oportunidades. Por isso, superficialmente há uma certa impressão de que se está indo para a frente. Mas, para avançar, é necessário que o espírito tenha vencido antes. Esse “Vencer com o KI”, “Fazer SEMÊ com o KI” têm como objetivo conquistar a oportunidade de criar o DATOTSU. Esse conceito é o princípio básico do kendô.

Então a seguir vêm a dúvida: “O quê é a oportunidade de dar o DATOTSU?”. Ou, ao contrário: “Como fazer SEMÊ para ter essa oportunidade?”.

Como o SEMÊ é para criar a oportunidade de dar o DATOTSU, então é necessário saber quais são essas oportunidades. Takano Sensei dizia que há 6 oportunidades favoráveis. A primeira é “Eliminar a verdade do adversário e golpear sua mentira”. A verdade é quando o KIHAKU (espírito com intensidade), o KEN (espada) e o TAI (físico) do adversário estão plenamente conjugados. Falando mais facilmente, a verdade do adversário é quando este está com postura combativa do tipo “Vou atacar!”. Com sua verdade e seu SEMÊ eliminados, o adversário defende ou então se assusta com o SEMÊ que recebe e se afasta. Essa é a sua mentira. Golpeia- se essa mentira. Também é assim quando o KI está ausente. O KI se ausenta no momento em que seu físico se esgota. Vira mentira quando o KIHAKU fica deficiente, quando desaparece a vontade dele de golpear ou quando sua postura psicológica está abalada. Eliminar a verdade e golpear a mentira. Essa é a condição número um para se ter a oportunidade de dar o DATOTSU.

A segunda, é a atitude do adversário. A atitude física. Golpeia- se no início do WAZÁ (golpe) dele. Por isso é primordial que exista uma predisposição de se fazer SEMÊ em linha reta ou em diagonal. É um SEMÊ exatamente para esse tipo de situação. Mas antes de se conseguir fazer isso a sua intenção, o seu KI deve ser vencido.

Takano Sensei chamava a terceira oportunidade de “KÔGUISHIN”. KÔGUI é quando se tem medo com relação ao adversário. Um sentimento do tipo “meu adversário é muito forte”. Ele dizia que deve- se golpear assim que esse sentimento surgir em você.

Outra oportunidade, é o momento em que o adversário se acomoda. Isso é quando o pé dele não está em postura de avançar, mas se apóia para trás. Ou seja, quando o calcanhar toca no chão e a parte da frente do pé fica levantada. Ou também, quando as pernas dele estão afastadas.

Também falava que  “precipitar a atitude do adversário”, cria oportunidades. Tanto psicologicamente, quanto tecnicamente. O adversário somente “vem acertar” apressadamente você porque a sua defesa está muito sólida. E nesse caso, o adversário vem lhe golpear desesperadamente. Uma outra forma de precipitá- lo é você tentar dar o DATOTSU agressivamente. Se você for com firmeza e intensidade, com certeza ele se precipitará.

A sexta oportunidade é quando o WAZÁ do adversário se esgota. O momento em que o adversário não consegue dar WAZÁ depois da postura defensiva que tomou ao receber RENZOKU WAZÁ (golpes seguidos) é o seu esgotamento. Ou também quando o adversário tem seus golpes anulados ou defendidos e ele não tem mais golpes além dos quê foram invalidados. Esse esgotamento ocorre quando os pés dele param.

Essas são as 6 oportunidades que Takano Sensei dizia serem imprescindíveis para golpear. No caminho da volta, ele comentava muitas vezes “Recebi muito SEMÊ hoje e meus WAZÁs acabaram se esgotando”. Mas, ele dizia que a própria pessoa tinha que pensar no quê fazer quando seu WAZÁ se esgota. Ele nunca dizia “Hoje o adversário se acomodou. Teve medo e não conseguiu avançar. Por isso, faça isso, ou faça aquilo”. Pois se há 10 pessoas, essas 10 serão diferentes umas das outras. Dizia que esse era um tipo de aprendizado que se adquire fazendo KEIKO (treino de combate) .

Também há “3 pontos imperdoáveis”. São pontos que nunca poderão ser esquecidos com relação ao DATOTSU. Um é o momento em que o adversário consegue deter o golpe. Ou seja, o segundo TACHI (espada). As pessoas hoje em dia costumam voltar ao início após seu golpe ser defendido. Ou fazem SEMÊ exatamente da mesma forma. É o cúmulo da loucura. Se vai para o WAZÁ de MEN, depois faça o WAZÁ para baixo. Como o DATOTSU no kendô é um movimento circular, o MEN é um corte feito com HIKIGUIRI (cortar puxando). Sendo um movimento circular, se o adversário defender o SEMÊ que foi feito por cima, facilmente dá para você ir por baixo. No caso do seu KOTÊ ser descartado ou defendido, vá para cima. Ou se o MAAI está muito distante vá no KOTÊ KOTÊ MEN. Essa é a potência do TACHI. No kendô atual se “espeta” para a frente e se golpeia. A dificuldade de se bater um próximo WAZÁ ocorre porque um WAZÁ “espetado” não é um movimento circular.

Atualmente, ao assistir aos SHIAIs (lutas) dos estudantes vejo que está ISSOKU (um pé) NITTÔ (duas espadas), ou seja enquanto está se dando um passo golpeia- se duas ou três vezes, mas assim não é possível cortar. O Sensei ensinava que kendô é ISSOKU ITTÔ (um pé, uma espada). Se der um passo, dá- se também apenas um TACHI. O kendô que aprendi é o “kendô que corta”, mas atualmente virou o “kendô que acerta”. Ao assistir o ZEN NIHON SENSHUKEN TAIKAI (Campeonato Japonês de Kendô) acho que não consigo “cortar acertando” daquele jeito e anualmente vejo lutas que não são de kendô.

A segunda coisa imperdoável dentre as três é como pensar a atitude. Quando me refiro à atitude, é sobre a atitude física. Mas, para ser compreendido mais facilmente é perceber o movimento dos quadris e a atitude das mãos do adversário. Isso não pode ser ignorado. E não somente ver isso no adversário, como se fosse uma parte separada. Miyamoto Musashi dizia “Mirar uma montanha distante”, há quem diga também “Mirar o KOYÔ (fenômeno natural do outono japonês em que as folhas ficam vermelhas e o conjunto dá a impressão da montanha estar toda tingida de vermelho)”. Significa que não adianta na época do KOYÔ ver as folhas uma por uma, em separado. Se você fizer o KAMAÊ pensando que o quê está longe está perto e mostra o contrário ao adversário, de fato o KAMAÊ começa a ficar desse tipo. Mesmo que o adversário tenha a mesma altura que você, pense que para o adversário você está distante, mas para você ele está próximo. Ele dizia que isso na verdade não existe,  mas psicologicamente isso se torna um fato. Não consegui perguntar a ele como conseguia fazer isso. Igual ao ZEN (refere- se ao Budismo), como uma reflexão de meditação, fazia KEIKO pensando de quê forma conseguiria mostrar- me grande aos olhos do adversário. Muitas vezes era como se o shinai do adversário parecesse grande. Isso não ocorre na verdade, mas esse tipo de fenômeno começa a surgir dependendo da quantidade de KEIKO que você praticar. Quando tentei atacar o Takano Sensei, também senti o shinai dele vir intensamente e tive a sensação de ser engolido por uma onda enorme.

E o terceiro, é o corpo se acomodar.

Se acumular tanto os 3 pontos imperdoáveis, quanto as 6 oportunidades do DATOTSU, entenderá o SAN SAPPOU (lei dos 3 assassinatos). SAN SAPPOU é matar o KEN, matar o WAZÁ e matar o KI.

Primeiro, ao matar o KEN, analise se ao golpear um KEN vivo o KENSAKÍ do adversário vem espetar rapidamente à altura do pescoço, ou se faz o contra- golpe. Ele dizia que ao perceber o KENSAKÍ do adversário você deve golpear algo, bater no shinai, fazer UTI OTOSHI (bater no shinai do adversário com a intensidade de derrubá- lo) e assim, matar o KENSAKI do adversário. Miyamoto Musashi dizia para o golpear, ou bater, ou repelir, ou até envolver o KENSAKÍ. Vejo muitas vezes os KENSAKIs se baterem desordenadamente, mas existe uma diferença entre as pessoas que fazem conscientes àquelas que fazem somente porquê o KENSAKI do adversário está atrapalhando. Também parece- me que quando estão no TADASHII MA os senseis de alta graduação sabem se o KENSAKÍ do adversário está vivo ou morto. Falando ao contrário, pessoas que não entendem isso não conseguem obter uma alta graduação.

Para matar o WAZÁ é necessário analisar a condição física do adversário. Generalizando, quem tem estatura baixa consegue ter intensidade no RENZOKU WAZÁ e se movimenta agilmente para os lados. Quem tem alta estatura, ao contrário, tem seus movimentos para os lados mais lentos e os golpes são triviais, monótonos. Mas também, para acertar só precisam esticar o braço. Esses aspectos devem ser rapidamente captados.

Há agora, a necessidade de se saber o SEIGAN NO GOHÔ (as 5 leis do SEIGAN) do CHUDAN NO KAMAE (kamae do meio, em que a ponta do shinai é voltada para o corpo do adversário). Existem diferentes denominações para os locais onde a extensão do shinai toca no adversário. Como o shinai é reto, é fácil de se compreender amarrando outro shinai em seu extremo. Se o KENSAKÍ dessa extensão tocar na testa é SEIGAN 晴眼. Se tocar no olho esquerdo é SEIGAN 青眼 (a pronúncia em japonês é a mesma, mas a escrita é diferenciada). Usualmente quando citam a palavra SEIGAN se referem a esse 青眼 , o do olho esquerdo. O quê toca entre as sombrancelhas, no meio, é o SEIGAN 星眼. Ao tocar na garganta é SEIGAN 正眼. Ao tocar no umbigo diz- se SEIGAN 臍眼. Ele dizia que para dar vida ao seu KENSAKÍ, deve- se utilizar o 晴眼 (testa) para pessoas altas; para lutar contra JODAN (KAMAÊ em que a ponta do shinai aponta para o céu) o青眼(olho esquerdo); se o adversário tiver a mesma estatura que você o 正眼 (garganta) e no caso de pessoas com estatura mais baixa que a sua o 臍眼 (umbigo).

Se pensar dessa forma não se pode simplesmente argumentar sobre a questão de “Como deve- se fazer SEMÊ para atacar?”. Acho que um dos argumentos é o motivo em si de se fazer SEMÊ. Se faz SEMÊ para o DATOTSU. A forma de se fazer o SEMÊ leva em consideração o SAN SAPPOU, as 6 oportunidades e os 3 pontos imperdoáveis. Insira em sua mente essas 12 condições e nunca as esqueça. Não é ir simplesmente para frente; se faz SEMÊ para conseguir essa chance oportuna.

Há um ditado na arte do YUMI (arco e flecha japonês) que diz: “Se a oportunidade está amadurecida, mesmo antes de se atirar, o alvo já foi acertado”. Significa que quando a oportunidade está amadurecida dá para saber, mesmo antes de soltar a flecha, se a pessoa vai acertar o alvo ou não. Isso também se relaciona ao kendô. Não solte o WAZÁ antes da oportunidade estar amadurecida. Solte seu WAZÁ quando você estiver vencendo no SEMÊ pelo KI. Ele dizia que sem sentir isso não se deve soltar o WAZÁ.

TANIGUCHI YASUNORI: TAKANO SASABURO KARA KIITA SEMÊNO GOKUI. Revista Guekkan Kendo Nippon, Japão, ed. no. 278, p. 54-56, abr. 1999.

17/08/2010

COMO OS SHIAISHAs (lutadores) DEVEM AGUARDAR A INTERRUPÇÃO OU O GÔGUI (conferência)

Acho que alguns já perceberam que as palavras em japonês escritas em caixa alta, quando utilizadas no plural, estão com a letra “s” minúscula. De fato, esse “s” não existe em japonês, mas resolvi adicioná- lo para facilitar a compreensão da frase.


A forma como escrevia os termos não tinha uma regra definida para a pronúncia, mas ao reler os textos percebi que há um certo padrão:


. “S” no meio de duas vogais tem a mesma pronúnica que “SS”. Ex: KENSAKI (quenssaquí)


. mesmas consoantes repetidas na sequência indicam uma pausa na pronúncia. Ex: ITTÔ (i- tô)


. “H” tem a mesma pronúncia de “RR”. Ex: HIMÔ (rimô)


. “R” mesmo no início das palavras em japonês tem a mesma pronúncia do “R” no caso da palavra em português “PARA”. Ex: RI (não sei como escrever a pronúncia, mas acho que me entendem).


. “CHO”, “CHU” pronuncia- se “TYO”, “TYU”


. “CHI” pronuncia- se “TI”. Ex: TANIGUCHI (taniguti)


Esses dois últimos ítens são aleatórios, em alguns momentos uso também “TI”, “TYO”, "TYU". Por teimosia minha, não o padronizarei.


Alterei alguns termos nos posts anteriores para que fiquem mais próximo da pronúncia. Assim, espero que estejam familiarizados com as palavras quando as ouvirem e consigam ter uma noção sobre qual assunto se referem. Como já comentei, em caso de dúvidas, procurem seus senseis pois posso estar equivocada em alguma entonação ou pronúncia, em especial para as palavras com a sílaba "HAN". E, desde já, agradeço se puderem me avisar se algo esteja em desacordo.


Continuação do tema “SUSPENSÃO/ GÔGUI DO SHIAI”.

___________________________________________________________________


COMO OS SHIAISHAs DEVEM AGUARDAR A INTERRUPÇÃO OU O GÔGUI

Quando houver a interrupção do SHIAI (luta), os SHIAISHAs devem voltar à linha de início e em pé, guardar o shinai, recuar até o limite da quadra, no mesmo local em que foi feito o REI (reverência) e ficar em posição de SEIZÁ (sentar no chão sobre a panturrilha) ou SONKYÔ (agachar com os joelhos afastados).

QUANDO O SHIAISHA TEM DIREITO DE SOLICITAR A INTERRUPÇÃO

Segundo o artigo 17 das normas de SHIAI, o SHIAISHA que solicitar a interrupção sem uma justificativa apropriada deve receber HANSOKU.

Assim, a solicitação poderá ser feita nos casos em que:

. ocorra um incidente que impeça o prosseguimento do SHIAI;

. o fato dos laços do DÔ HIMÔ (cordinhas do DÔ) ou MEN HIMÔ (cordinhas do MEN) estarem se desfazendo ou se soltarem, ou a vestimenta se desarrumar virarem obstáculos que impeçam seu prosseguimento;

. o NAKAYUI (tira de couro que delimita a área cortante do shinai) ou o SAKIGAWA (proteção de couro da ponta do shinai) afrouxarem; ou o TSURU (linha que indica o lado oposto à face de corte) virar e tornar o shinai inadequado;

. um cisco entrar nos olhos, a lente de contato deslocar ou os óculos se quebrarem e isso impedir a condução do SHIAI;

. após a queda do SHIAISHA, ele sentir dores profundas no joelho, no cotovelo ou em outras partes do corpo e isso virar um obstáculo para ele prosseguir;

. houver outras situações semelhantes às descritas acima.

Por outro lado, a solicitação não será considerada quando:

. for feita logo após o SHIAISHA solicitante entrar em condições estratégicas desfavoráveis na condução da luta;

. o SHIAISHA se cansar, ou querer se reanimar, ou qualquer outro motivo particular.

REGRAS DE CONDUTA AO SOLICITAR “TIME (interrupção)” PARA ARRUMAR A VESTIMENTA/ EQUIPAMENTO

Após o SHUSSHIN (árbitro principal) conceder a interrupção:

1. Volte à linha de início e guarde o shinai em pé;
2. recue 5 passos pequenos e faça TACHI REI (reverência em pé) ao adversário;
3. dentro da quadra arrume- se agilmente de SEIZÁ.

O adversário também deve se recuar e aguardar em posição de SONKYÔ ou SEIZÁ.

Kouda, Kunihide. HITO MÊ DE WAKARU KENDÔ NO RÚRU TO SHIAI. Japão: Seibidô Shuppan, 2002.

16/08/2010

INTERRUPÇÃO/ GÔGUI (conferência) DO SHIAI

Depois de um texto complexo sobre semê, resolvi pegar leve e interpretar alguns trechos de um livro sobre regras básicas dos SHIAIs (lutas) de kendô. O título original é HITO MÊ DE WAKARU KENDÔ NO RÚTU TO SHIAI (Regras e SHIAI compreensíveis com um único olhar). O livro é  todo ilustrado com fotos e desenhos, mas tentarei interpretar as legendas e os textos de um modo que seja possível de se compreender sem as ilustrações. Quem sabe, em um futuro próximo eu consiga tirar fotos dos casos mais complexos e publicá- las aqui também?


Algumas partes não interpretarei por ser do conhecimento de todos que participam de campeonatos. Por exemplo, quanto tempo dura um shiai e com quantos pontos define- se a vitória. Escolhi os temas com base em situações que percebo haver confusões mesmo entre os graduados. Para uma parte dos leitores alguns ítens podem parecer óbvios, mas por incrível que pareça, testemunhei desconhecerem sobre os assuntos.


Aproveito para reforçar a idéia de que o objetivo desse blog não é atrair pessoas para praticarem kendô e sim informar àqueles que já o praticam, mas que infelizmente não têm acesso às publicações e têm dúvidas sobre algumas regras ou conceitos.


Recebi comentários de que os posts devem ser curtos e frequentes. Então passarei a interpretar os trechos em pedaços, mesmo que a idéia final fique meio difícil de se entender.


Também recebi sugestões de deixar claro o quê é interpretação e o que é meu comentário. Via de regra, meus comentários vão antes das interpretações e serão separadas por uma linha. Em alguns casos, escrevo entre parênteses ao longo da interpretação.

__________________________________________________________________

INTERRUPÇÃO/ GÔGUI (conferência) DO SHIAI

AO SINAL DE “YAMÊ (PARAR)” DO ÁRBITRO, INTERROMPA PRONTAMENTE A LUTA E VOLTE À LINHA DE INÍCIO

Assim que receberem o sinal que declara a interrupção do SHIAI, o “YAMÊ”, os SHIAISHAs (lutadores) devem parar o SHIAI, retornar à linha e acolher os avisos, ou os comandos do SHUSSHIN (árbitro principal). A declaração parte do SHIMPAN (árbitro) no casos de HANSOKU (penalização), quando a vestimenta/ equipamento dos SHIAISHAs não está de acordo ou quando o prosseguimento do SHIAI expõe a situações de risco.

A declaração de GÔGUI ocorre quando há dúvidas em relação à necessidade de se aplicar o HANSOKU ou para TORIKESHI (anulação) de YUKÔ DATOTSU (golpe considerado como válido).

COMO SOLICITAR O "TIME" (interrupção)

Levante a mão para o SHUSSHIN e diga “Time” (pronuncia- se a palavra como falada em inglês, no significado de “tempo” em português ou “TAIMU”, como é pronunciado na língua japonesa). Em seguida, explique o motivo de pedir a interrupção ao SHUSSHIN. Para pedir a interrupção, é recomendável ir para o MAAI, ou seja antes de pedir, distancie- se do adversário.

Kouda, Kunihide. HITO MÊ DE WAKARU KENDÔ NO RÚRU TO SHIAI. Japão: Seibidô Shuppan, 2002.